O Uso não médico de Metilfenidato (MPH) como "pílula de estudo"entre jovens universitários.
Resumo
Introdução: A função do metilfenidato, é melhorar a atenção, memória e a capacidade intelectual em algumas desordens neurais, tais como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Nos últimos anos, o MPH tem sido consumido indiscriminadamente por universitários com o intuito de potencializar a capacidade intelectual e com esse aumento, crescem a necessidade de avaliar as consequências do uso do medicamento quando utilizado por indivíduos jovens saudáveis. Objetivo: Buscar, sob o ponto de vista teórico, os efeitos a curto e longo prazo na atenção e nos vários tipos de memória e as consequências do uso do MPH sem indicação médica por estudantes universitários e animais. Método: Foi realizada uma revisão sistemática de publicações de 2000 -2015, indexadas nas bases bibliográficas PubMed e SciELO. Resultados: Foram utilizados trabalhos com indivíduos jovens-adultos e ratos sem TDAH em diferentes tarefas e dosagens. De acordo com a revisão baixas doses de MPH mostraram uma melhora da atenção; da memória operacional; da memória declarativa; da memória espacial e um aumento de interesse por cálculos matemáticos. Outros autores contestaram estes resultados mostrando que não ocorreu nenhuma melhoria da memória espacial, e além disso foi encontrado dificuldades em processar informações devido a um super alerta causado pelo uso do MPH; um aumento da distração principalmente de informações auditiva também foi verificado; além de prejuízos de atenção e até hiperatividade. Dois trabalhos avaliaram o efeito subjetivo do medicamento, o primeiro mostrou que um placebo produziu o mesmo efeito do MPH e o outro mostrou que a potencialização cognitiva apontada pelos voluntários não era real e pode estar relacionada com a tendência humana de superestimar as novas tecnologias sem se preocupar com os riscos. Outro dado importante da revisão é que um dos locais de ação do metilfenidato é o córtex pré-frontal e este só termina seu desenvolvimento na segunda década de vida, como ele é responsável pelo controle de julgamentos, inibição de comportamentos e emoções, além de ser o local executivo da memória operacional, pensamento lógico e tomada de decisão, a introdução de uma substância que altera os níveis das catecolaminas, tal como o MPH, pode prejudicar a maturação do córtex pré-frontal e causar graves consequências comportamentais, além de causar prejuízos graves da memória operacional de curto e longo prazo. Conclusão: Alertar os universitários sobre os riscos do uso do metilfenidato como “pílula de estudo” se torna cada vez mais necessário, visto que a comprovação do comprometimento cerebral é demonstrada cada vez com mais evidencias.
Texto completo:
PDFReferências
BEYER, Chad et al. The implications of Methylphenidate use by healthy medical students and doctors in South Africa. Bmc Medical Ethics, [s.l.], v. 15, n. 1, p.1-8, 2014. Springer Science + Business Media. DOI: 10.1186/1472-6939-15-20.
CESAR, Eduardo Luiz da Rocha et al. Uso prescrito de cloridrato de metilfenidato e correlatos entre estudantes universitários brasileiros. Rev Psiq Clín., São Paulo, v. 6, n. 39, p.183-188, 16 out. 2012.
EMANUEL, Robyn M. et al. Cognitive Enhancement Drug Use Among Future Physicians: Findings from a Multi-Institutional Census of Medical Students. J Gen Intern Med, [s.l.], v. 28, n. 8, p.1028-1034, 18 abr. 2013. Springer Science + Business Media. DOI: 10.1007/s11606-012-2249-4.
FREESE, Luana et al. Non-medical use of methylphenidate: a review: Non-medical use of methylphenidate. Trends Psychiatry Psychother, Porto Alegre, v. 2, n. 34, p.110-115, 2012
HILDT, Elisabeth; LIEB, Klaus; FRANKE, Andreas. Life context of pharmacological academic performance enhancement among university students – a qualitative approach. Bmc Medical Ethics, [s.l.], v. 15, n. 1, p.1-10, 14 nov. 2014. Springer Science + Business Media. DOI: 10.1186/1472-6939-15-23. Disponível em: . Acesso em: 14 nov. 2014.
LINSSEN, A. M. W. et al. Methylphenidate produces selective enhancement of declarative memory consolidation in healthy volunteers. Psychopharmacology, [s.l.], v. 221, n. 4, p.611-619, 15 dez. 2011. Springer Science + Business Media. DOI: 10.1007/s00213-011-2605-9.
LOOBY, Alison; EARLEYWINE, Mitch. Expectation to receive methylphenidate enhances subjective arousal but not cognitive performance. Experimental And Clinical Psychopharmacology, [s.l.], v. 19, n. 6, p.433-444, 2011. American Psychological Association (APA). DOI: 10.1037/a0025252.
MOTA, Jéssica da Silva; PESSANHA, Fernanda Fraga. Prevalence of methylphenidate use by university students in Campos dos Goytacazes, RJ. Revista Vértices, [s.l.], v. 16, n. 1, p.77-86, 2014. GN1 Genesis Network. DOI: 10.5935/1809-2667.20140005.
ROSTRON, Claire L. et al. The effects of methylphenidate on cognitive performance of healthy male rats. Front. Neurosci.,[s.l.], v. 7, p.1-15, 2013. Frontiers Media SA. DOI: 10.3389/fnins.2013.00097. ROSTRON, Claire L. et al. The effects of methylphenidate on cognitive performance of healthy male rats. Front. Neurosci.,[s.l.], v. 7, p.1-15, 2013. Frontiers Media SA. DOI: 10.3389/fnins.2013.00097.
URBAN, Kimberly R. et al. Performance enhancement at the cost of potential brain plasticity: neural ramifications of nootropic drugs in the healthy developing brain. Front. Syst. Neurosci., [s.l.], v. 8, p.1-10, 13 maio 2014. Frontiers Media SA. DOI: 10.3389/fnsys.2014.00038.
Apontamentos
- Não há apontamentos.
Direitos autorais 2016 Revista UNILUS Ensino e Pesquisa - RUEP
ISSN (impresso): 1807-8850
ISSN (eletrônico): 2318-2083
Periodicidade: Trimestral
Primeiro trimestre, jan./mar., data para publicação da edição - 30 de junho
Segundo trimestre, abr./jun., data para publicação da edição - 30 de setembro
Terceiro trimestre, jul./set., data para publicação da edição - 31 de dezembro
Quarto trimestre, out./dez., data para publicação da edição - 31 de março
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Indexadores
Estatística de Acesso à RUEP
Monitorado desde 22 de novembro de 2016.