Toxina Botulínica A

Paula Cristina Barbosa Garcia Perão, Frederico Kauffmann Barbosa

Resumo


A toxina botulínica A é considerada a mais potente toxina natural existente, atuando de maneira a bloquear a transmissão neuromuscular de acetilcolina, é conhecida por sua utilização cosmética em injeções para minimizar marcas de expressões e rugas. O objetivo deste trabalho é buscar novas técnicas e novos usos da toxina botulínica. A aplicação da toxina é contra indicada para pacientes intolerantes a lactose, mulheres grávidas e em fase de amamentação. Sua utilização clínica se iniciou na década de 80 pelo oftalmologista Allan Scott, na Califórnia (USA), para a correção de estrabismo. Após isso passou em movimentos involuntários como o blefaroespasmo e espasmo hemifacial, tornando-se o tratamento de primeira escolha nestas condições; posteriormente passou a ser utilizada em distonia cervical, disfonia espática, distonia focais das mãos e pernas, distonia de ação específica e tremores. O espectro das indicações de tratamento pela toxina botulínica aumentou consideravelmente nos últimos anos, passando a ser indicado em tratamento da espasticidade, em programa de reabilitação, em disfunção do esfíncter da bexiga ou anal, experimentalmente em caso de cefaleia tensional e até como tratamento estético, eliminando rugas faciais. É observado um estreito relacionamento entre as marcas e vincos de expressão ao redor da boca e o uso da musculatura oral, visto que rugas indesejáveis podem ser resultantes de posturas e movimentos repetidos realizados para mastigar, deglutir, respirar e falar, bem como tais rugas podem sofrer influência da tensão exagerada dos músculos da face. Com o advento da toxina botulínica e das técnicas de preenchimento para o tratamento estético da face, surgiram mais estudos sobre as contrações musculares. A toxina botulínica é um complexo proteico purificado, de origem biológica, obtido a partir da bactéria Clostridium botulinum, possui diversas utilidades terapêuticas como, por exemplo, tratamentos para: rugas glabelar, blefaro-espasmos, estrabismo e hiperhidrose. Também possui utilidade na área cosmética diminuindo linhas faciais. A toxina utilizada para esses fins é chamada de toxina botulínica do tipo A. Existem 7 toxinas sorologicamente distintas classificadas como: A, B C1, D, E, F e G. Apenas o tipo A e B são utilizadas para propósito comercial. O tipo de toxina utilizado para o tratamento de dores de cabeça é o tipo A que pode ser chamado de BOTOX ® ou onabotulinumtoxinA. Desde 1992, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) permitiu o uso da toxina botulínica para fins terapêuticos no Brasil, mas, a toxina só se popularizou quando a comercialização da marca BOTOX® foi regulamentada. O Brasil é considerado o segundo no ranking de comercialização da toxina botulínica, perdendo apenas para os EUA, movimentando mais de 100 milhões de reais por ano. O gasto com a importação da toxina chega a US$ 7 milhões e são aplicados mais de 3 milhões de injeções de toxina bolulínica ao ano. No Brasil, 80% da toxina importada, é destinada para o uso cosmético e os 20% restantes, são utilizados para uso terapêutico. O que se reconhece nessa fala é a apresentação típica dos “casos” na biomedicina, com a etiologia, o diagnóstico, a terapêutica e, inclusive, o perfil epidemiológico. Um exemplo do olhar anátomo-clínico até o momento, apresentamos a racionalidade biomédica, sua origem e principais características, e confrontamos com excertos de artigos da Medicina da Beleza. Percebe-se que o olhar anátomo-clínico está presente nesses textos a despeito da dificuldade de se enquadrar um tema como o da aparência física em uma teoria das doenças. Em contraposição a uma patologia, a racionalidade biomédica necessita de uma normalidade biológica. São referências duais que caracterizam a construção do conhecimento na medicina. No caso da beleza física, veremos como surge uma norma biológica e o biomédico agora faz parte desse cenário esteta, usando a toxina botulínica em favor da estética e também na área terapêutica.

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